Rio Túrbio
de Tatiana Mazú, 2020, Argentina, 82’
Se as mulheres não podem entrar nas minas de carvão, como fazer um filme sobre mineração? Como fazer um filme político que se recuse a disfarçar as opressões do próprio processo de filmagem? Como ser mulher e fazer cinema? Pela coletividade, tecnologia, memória e arquivo, Rio Turbio fabula caminhos possíveis entre o terror da realidade e as possibilidades artificiais do cinema de intervir na imagem, de representar a ausência. Cruzando lendas misóginas, a história dura e contínua da mineração, a exploração dos trabalhadores e a experiência feminina numa aldeia de homens, o longa árido descama as opressões contidas no silêncio e na imagem. Por meio de conexões inesperadas, Rio Turbio adentra as minas assombradas da Patagônia para fazer desabar mitos patriarcais e coloniais, perfurando rochas sólidas para encontrar fluxos desnorteantes de cinema e de liberdade. (Larissa Muniz)
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